Exausta e cansada, adormeça.
Você está exausta, eu sei. Então, observa o quadro. A cigana deita ao lado do seu bandolim. Ela e a lua são poesia.
Você está exausta, eu sei.
Então, observa o quadro.1
A cigana deita ao lado do seu bandolim.
Ela e a lua são poesia.
Tem a calma de ter um leão à cheirar; o medo não a invade quando se sabe tão bem de si.
Ela é o que a fez caminhar até aqui; é o bandolim que carrega e a lua que admira; é o que sente pelo leão e não o que ele sente por ela.
Ela é uma cigana adormecida, e então, ela é uma obra que também é arte.
Quando acordar contando o tempo. Quando esquecer de amar quem se é, guarda esse quadro: você não é um prazo acompanhado de um título. Aprende com Henri Rousseau, um francês, com sua obra em um dos maiores museus do mundo (MoMa — Museu de Arte Moderna em Nova Iorque), a “Cigana Adormecida”.
Que a obra faz sentir um universo, se vê. O que também se sente, vem do que há por trás do quadro. Um homem que se iniciou na pintura aos 40 anos de idade, como um novo recomeço. Um quadro que ninguém queria, acabou perdido num canto qualquer até ser redescoberto, para uma das paredes mais importantes do mundo.
Entende Rousseau? Ele estava cansado e precisou deitar um pouco de si, vigilante e atento. Sabia que só se vence na vida com o domínio de quem se é. Vencendo, descansa, sabendo que não existe local de chegada. A chegada não existe.
O que existe é repouso no que se é e no que se faz. Então, observa, descansa, sê hoje uma cigana adormecida.
Moma Collection: A Cigana Adormecida (La Bohémienne endormie) Henri Rousseau